Especial Atibaia III : Ciclos Econômicos e Transformações Urbanas
Ao longo do século XIX, Atibaia passou por mudanças profundas em sua estrutura econômica e social. A cidade, que inicialmente havia prosperado como ponto de apoio nas rotas coloniais, viu-se diante de um novo ciclo: a expansão da lavoura cafeeira. O café, principal produto da economia brasileira do período, encontrou nas terras férteis e no clima ameno da região condições ideais para se desenvolver. Grandes fazendas se instalaram nos arredores, e com elas vieram novas relações de trabalho, marcadas pela transição do regime escravista para o trabalho assalariado e imigrante.
A chegada dos imigrantes europeus e japoneses, sobretudo no final do século XIX e início do XX, provocou um salto cultural e produtivo em Atibaia. Enquanto os italianos e portugueses contribuíram na continuidade do cultivo de café e na formação de bairros urbanos, os japoneses foram essenciais para a diversificação agrícola, com destaque para a produção de frutas, hortaliças e flores. Essa vocação agrícola consolidou a cidade como referência no setor hortifrutigranjeiro — herança que perdura até os dias atuais.
O século XX trouxe consigo o avanço da modernização e da urbanização. Com a chegada da Estrada de Ferro Bragantina, Atibaia foi finalmente integrada de forma mais eficaz ao mercado regional e nacional. Essa conexão facilitou o escoamento da produção agrícola e atraiu novos investimentos. O centro urbano se expandiu, surgiram novos bairros, escolas, hospitais e prédios públicos. Paralelamente, a cidade foi reconhecida como estância climática, o que impulsionou o turismo e a valorização de sua paisagem natural.
As transformações urbanas acompanharam também mudanças culturais. Atibaia passou a investir na preservação de seu patrimônio histórico, na valorização das festas populares e na convivência de múltiplas tradições trazidas por seus diversos grupos formadores. A cidade do tropeirismo e das roças deu lugar a uma comunidade urbana mais complexa, com novos desafios e aspirações. O passado colonial foi, pouco a pouco, se misturando ao ritmo da modernidade — sempre sob a influência marcante da natureza e da cultura agrícola. Nesse capítulo da história, Atibaia se reinventou, combinando tradição e progresso, mantendo sua identidade ao mesmo tempo em que se adaptava às exigências de um novo tempo.