Ansiedade na era da velocidade
Entre o que podemos ajustar e o que precisamos aceitar
Vivemos modos ágeis, nem sempre aqueles relacionados a processos e ao trabalho, mas do consumo. Consumo da informação, da formação, da mensagem e do entendimento, que passa a ser pouco à medida que apenas frações são absorvidas. Cada notificação no celular ativa em nós um gatilho, cada prazo apertado ou mesmo uma mudança repentina em algo simples pode criar um ambiente de alerta. Nossa mente, em sua essência biológica, não foi projetada para lidar com tantos estímulos simultâneos do século XXI, tão pouco com o tempo que disponibilizamos e somos exigidos para processá-los. O resultado disso tudo é um estado de ansiedade quase permanente, que não escolhe idade, profissão ou classe social. Apenas existe e é preciso saber lidar com ela.
Muitas das causas dessa ansiedade fogem completamente ao nosso controle. Trabalho, emprego, condições financeiras e econômicas, mudanças tecnológicas rápidas, instabilidade política, pressão por produtividade e resultado. Tudo isso são forças externas, algo que não podemos simplesmente ter o poder de desligar. Tentar controlá-las é como tentar segurar água com as mãos. Quanto mais força fazemos, mais escapa e mesmo com maior esforço, não se terá pretendido pois se trata de um cenário posto que é inviável. Essa impotência derivada de momentos como esses, por si só, já são combustíveis para ativar os gatilhos da ansiedade.
Em contrapartida, existem fatores que estão sob nosso controle e que podem ser ajustados. Uma delas é limitar o tempo de exposição a notícias e redes sociais, criando rotinas de descanso e desconexão do digital, investindo em atividades que gerem presença, como exercícios físicos, meditação ou hobbies manuais. Buscar aproximação com outras pessoas por meio de conversas profundas e significativas também podem ajudar a reduzir a sobrecarga mental. Pequenas escolhas, tal como priorizar o sono e aprender a dizer “não”, têm impacto prático muito maior do que se pode imaginar.
Em um momento em que tudo se consome tão rápido, a prioridade não é acompanhar cada passo do mundo, mas filtrar o que realmente merece nossa energia. O tipo do noticiário influi. A não realidade das redes sociais impacta. Porém, é preciso compreender que a vida não é uma corrida contra o relógio, ou uma competição contra a falsa realidade exposta pelo outro. A vida é um percurso que exige fôlego, constância, pausas e direção clara. A ansiedade pode ser sinal de que algo está desalinhado. É imperativo saber ouvi-la, e não apenas silenciá-la. Tais atitudes podem nos levar a decisões mais conscientes e a uma vida – sensação interior – mais equilibrada, mesmo diante de um mundo que lá fora insiste em acelerar.